domingo, 11 de novembro de 2007

Entre o futebol e o desenvolvimento social: nos bastidores de 2014

Sou alheio ao futebol, mas com a Copa do Mundo de 2014, que provavelmente será realizada no país, não poderia ficar as margens do debate, daí surgiu uma p presente questionamento:

um governo eficiente, deve ser um governo de prioridades, isto é, deve ser estabelecer metas sociais, ao meu ver a expansão da justiça social e aumento da qualidade de vida para a totalidade da população.


Em se tratando o futebol, precisamos de infra-estrutura para receber um dos principais eventos do mundo, é certo que essa infra-estrutura viriam de “nosso querido Estado”, numa continuidade de práticas consolidadas historicamente que primeiramente realiza os altos investimentos de base, com dinheiro público e posteriormente entrega a iniciativa privada para apropriação dos lucros. Como esta sendom com nossas esburacadas rodovias entregue aos espanhóis, assim como foi feito com o setor de telefonia, o abastecimento de água, energia elétrica a Vale do Rio Doce (não faltaria exemplos).

De acordo com o professor Flávio Campos, do Departamento de História da USP*, em menção a essa transferência de recursos das esferas pública para a privada (interessante é que o termo “privada” pode ser entendido em seus múltiplos aspectos, que adicionados pelo respaldo quase pacífico da sociedade brasileira a trasferencia, claro que ela vem mascaradas de ideologias modernizantes, é como se literalmente jogássemos dinheiro na privada e déssemos descargas) “Mais incrível do que a maneira com que a burguesia brasileira gosta de brincar de capitalismo com os recursos públicos é o cinismo em relação a essa prática consagrada, disseminando na imprensa e na sociedade”

Mas se teremos que realizar investimentos, porque não pensar em estratégias de desenvolvimento regional, em especial para o Norte e Nordeste do país, fugindo um pouco do saturado Sudeste. Já que serão construídos ou passariam por um remake estádios; redes de hotelaria; sistemas de transporte que envolve desde a escala intra-urbana, com trens, corredores de ônibus, metrô até a escala inter-regional com rodovias, ampliação de aeroportos, ferrovias.

No caso do estado de São Paulo, que provavelmente vai abarcar grande parte dos investimentos junto ao Rio de Janeiro, as linhas do Metrô Amarela e Lilás seriam aceleradas para os jogos no Morumbi, estão se cogitando o trem bala que ligaria SP e RJ, e a construção de estádios em Osasco, entre outros.

A copa do Mundo vem ai, pensando no seu impacto econômico e social, poderíamos pensar na boa gestão dos recursos públicos e tentar utiliza-los com a estratégia do desenvolvimento social, além do crescimento econômico. Redistribuindo esses futuros investimentos por todo o território, no sentido de equilibrar as disparidades sociais e econômicas das macroregiões brasileiras.
Levando-se em conta nossa tamanha desigualdade de renda que assola nosso país e a grande demanda por condições vitais para a reprodução social, desde o saneamento básico até as escolas e universidades, gostaria que a Copa não fosse no país. Porém, pensando em sentido mais amplo, seria injusto com a população do “país do futebol”, ou com qualquer país periférico ou semiperiférico que quisesse sediar o grande espetáculo mundial, já que esses países são grandes exportadores de jogadores para o circuito europeu.
*Entrevista no caderno Mais da Folha de SP em 04 de novembro de 2007.